Dizimando o Dízimo
A Prática religiosa contemporânea tem trazido várias consequências à vida cristã dos evangélicos. Entre elas a deturpação da contribuição feita às igrejas. Dízimos, ofertas, campanhas, colaborações, seja qual o nome que adotemos, estamos diante da polêmica gerada em torno do dinheiro. Loucura ou engodo para uns, prova de fé para outros, a verdade é que tal contribuição é vista como dispensável ou desnecessária para a maioria dos membros de igrejas. Assim, ao invés de dizimar (entregar a décima parte) o seu dinheiro, os membros das igrejas estão dizimando (destruindo, matando) a prática de dar.
Deveríamos nos lembrar de que o templo construído por Salomão foi fruto de contribuições solicitadas por Davi (ICr 29), e sua reconstrução foi possível graças às ofertas do povo de Deus (Ageu 1.1-11). De acordo com Dt 14.22-29, o dízimo era dado para suprir as necessidades dos levitas e do templo. Paulo orienta os coríntios a contribuírem para o socorro dos irmãos (ICo 8.1-15), e agradece a contribuição missionária da igreja de Filipos (Fp 4.10-20). Portanto, afirmar que os trabalhos da igreja dependem das nossas contribuições não é vergonhoso. Vergonhosas são as justificativas encontradas para não contribuir: discordância da administração, crise financeira, esquecimento, aborrecimento com a igreja, discordância doutrinária, mau uso da prática em outras igrejas ditas evangélicas, etc. A verdade é que não precisamos de mais razões para não dar, pelo contrário precisamos de razões para dar. Por isso vejamos porque contribuir é necessário.
Ø É obrigação – Tanto o Antigo como o Novo Testamento afirmam que dar dízimos e ofertas é questão de obediência (Ml 3.6-12; IJo 3.17). Importante é a palavra de Cristo diante da prática dos fariseus de darem os dízimos e negligenciarem a misericórdia e a justiça, ele diz: “...devíeis, porém, fazer estas cousas, sem omitir aquelas”. Para Jesus “contribuição” é uma questão de dever.
Ø É privilégio – Deus em sua infinita sabedoria nos dá mandamentos que são ao mesmo tempo obrigação e graça. Dar a Deus e à sua Igreja tempo, esforço e inclusive o dinheiro é bênção (At 20.35). Ou não é privilégio e motivo de alegria (IICo 9.7) participar da obra de Deus e contribuir com o seu reino? Lembre-se, tal graça, Deus não dá a todos.
Ø É mordomia – Frequentemente Jesus fala da mordomia de seu povo em termos de dinheiro, Lc 16.1-13 é um exemplo de como Deus espera que administremos os bens materiais. Ele afirma: “Quem é fiel no pouco também é fiel no muito...”. Tudo pertence a Deus (ICr 29.11 e 12), somos apenas administradores, mordomos.
Ø É um ato de Culto – Quando Israel cultuava ao Senhor, o fazia através de sacrifícios, assim oferecer ou sacrificar tornou-se sinônimo de Culto. Por esta razão Hebreus nos diz que a “mútua cooperação” está relacionada ao ato de adorar (Hb 13.15, 16).
Ø > É um investimento – Jesus nos ensina a investir no céu (Mt 6.19-21), quem contribui não deve esperar receber aqui, mas ao dar o dízimo e oferta para o reino acumula tesouros em Deus. Esta é a mesma razão porque Paulo identifica a prática de contribuir com a semeadura e a colheita (II Co 9.6).
Ø > É um ato de auto-sacrifício – Jesus nos ensinou que para segui-lo é necessário atos de auto-negação (Mt 16.24), isto não significa um voto de pobreza, mas implica em termos como prioridade na vida agradar a Deus e não a nós. Assim, quem dá não deve esperar recompensas, senão a satisfação de Deus (Hb 13.16).
Ø > É uma manifestação de amor fraterno – Como nos lembra João, não podemos amar só de palavras, mas de fato e verdade (IJo 3.18), ou seja, compartilhando as necessidades dos irmãos (Rm 12.13);
Por esta razão é de se esperar que a Igreja não dizime o dízimo, mas dizime com o dízimo.
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