Bereanos ou
Cretenses?
Ricardo
Mota
Foi por ocasião de
sua segunda viagem missionária que o apóstolo Paulo conheceu os bereanos. O escritor do livro de Atos, cremos
que Lucas, adjetivou os judeus bereanos como “mais nobres” do que os de
Tessalônica. Certamente porque eles receberam a mensagem do Evangelho, pregada
por Paulo e Silas, com mais avidez. Notariamente eles tiveram um interesse
diferenciado e se preocuparam em conferir nas Escrituras tudo que Paulo
pregava. Muitos homens e mulheres de alta posição daquela sociedade se
converteram a Cristo. Até hoje destacamos a nobreza dos bereanos quando
queremos exortar às pessoas a conferirem na Bíblia Sagrada o que estão ouvindo
por boca dos muitos pregadores. Certamente se houvesse uma conferência mais interessada
com tudo que se ouve sobre o Evangelho e sobre o próprio Deus, não estaríamos
vivendo um sencretismo religioso tão aguçado e, com certeza, não nos
sentiríamos tão envergonhados com a representatividade da fé evangélica em
nosso país.
A expressão
sincretismo tem origem grega e
significa “fusão de crenças”. Dizem que os cretenses esqueciam as diferenças
internas a fim de se unir à combater um mal maior. Sincretismo é agir como os
cretenses agiam, unir coisas díspares, apesar das diferenças, a favor do que é
semelhante. Religiosamente falando, o sincretismo é uma mistura de conceitos
religiosos, uma expécie de ecumenismo.
Em princípio,
algumas pessoas poderiam pensar que esta junção de conceitos religiosos é algo
positivo. Mas, definitivamente, não o é. O sincretismo gera uma espiritualidade
rasa trazendo confusão à mente e perturbação ao coração.
Talvez um bom
exemplo de sincretismo seja o personagem descrito no livro de Atos dos
apóstolos de nome Elimas. A
Bíblia diz que este indivíduo era judeu, mágico, falso profeta e atendia pelo
nome de Barjesus. Como judeu ele conhecia a sua forte tradição religiosa.
Obrigatoriamente ele conhecia as leis de Moisés e todos os usos e costumes da
religião judaica. Também era um mágico. A magia era uma prática considerada de
ocultismo e proibida pela religião judaica. Como se não bastasse, Elimas era um
falso profeta, atrevia-se a falar em nome de Deus. Finalmente, para completar
sua sindrome sincrética ele atendia pelo nome de Barjesus, ou seja, filho de
Jesus. Ele era de tudo um pouco, ou, do pouco, queria ser tudo.
Tendo o dom
espiritual do discernimento, o apóstolo Paulo o chamou de filho do diabo, cheio
de todo o engano e malícia, inimigo de toda a justiça e que tentava perverter
os retos caminhos do Senhor. Tais palavras revelam a interpretação
bíblico-espiritual do que é o sincretismo religioso. Deus confirmou as palavras
de Paulo, fazendo com que uma névoa e escuridade caissem sobre aquele homem. O
resultado foi uma cequeira total ainda que não definitiva. Ele ficou cego por
algum tempo.
Em nossos dias
percebemos a triste realidade de que sobrevive o sincretismo religioso.
Lamentavelmente algumas instituições religiosas crescem o número de seus
membros tendo como principal estratégica a mistura de fé, doutrinas, crenças e
crendices. Nelas se percebem um viés de cristianismo, à medida que falam em
nome de Jesus e usam a Bíblia; mas, também, de espiritualismo com linguagem
específica, vestimentas e práticas de ocultismo. Como se possível fosse um
espiritismo evangélico. Percebe-se também uma espécie de neo-catolocismo com
suas práticas pagãs atribuindo poder aos objetos de uso litúrgico, novenas e
procissões.
Em meio a tanta
confussão algumas pessoas simplesmente se desencantam com as instituições
religiosas. Pensando que todas elas, como diz o adágio popular, “são farinha do
mesmo saco”. Ser um cristão em nossos dias e confessar isso publicamente nunca
foi tão desafiador. Para muitos, isto tem sido constrangedor. Não porque se
envergonham de Cristo, muito pelo contrário. Mas, é fato, se envergonham das
instituições religiosas que pretenciosamente se auto denominam de Igrejas.
A Igreja conforme
o conceito bíblico é UNA, [SANTA], CATÓLICA e APOSTÓLICA. Como um corpo humano,
assim é a Igreja. Um só corpo, com muitos membros, possuindo uma só cabeça.
Católica por ser universal. A igreja não é propriedade de um povo específico.
Não importa a localização, o idioma ou a cultura. Onde estiver um discípulo de
Jesus, alé está a igreja está presente. A igreja é apostólica, ou seja, baseada
na doutrina dos apóstolos de Cristo Jesus. O fundamento que não pode ser
alterado. O fundamento é Jesus Cristo, a Rocha, a Pedra principal.
Não existe uma
verdade para cada um. Uma moral para cada um, conforme a interpretação
dominante. Deus é verdadeiro e mentiroso todo o home. A Bíblia Sagrada é a
Palavra de Deus e não são desprezíveis toda outra regra de fé e prática
contrária. Por pensar diferente, alimentamos o sincretismo religioso como se
fosse um bicho de estimação.
A leitura que
fazemos é de uma igreja muito mais parecida com o Elimas ou, Barjesus, do que
Bereana, nobre e que quer saber, pelas Escrituras Sagradas, qual a verdade.
Qual o modelo a
seguir? Bereanos ou cretenses? Conferir nas Escrituas tudo que temos ouvido é a
cura para a fé cristã da atualidade, caso contrário, faremos parte de
instituições religiosas sincréticas que, em nome da tolerância, abre mão da
verdade bíblica.
Catecismo Maior
Pergunta 13. “Que decretou Deus especialmente com referência aos
anjos e aos homens?”
Resposta: “Deus, por um decreto eterno e imutável, unicamente do seu amor e
para patentear a sua gloriosa graça,
que tinha de ser manifestada em tempo devido, elegeu alguns anjos para a glória
(I Tm 5. 21), e, em Cristo, escolheu alguns homens para a vida eterna, e os
meios para consegui-la (Ef 1. 4-6; II Ts 2. 13, 14; I Pe 1. 2) , e também,
segundo o seu soberano poder e o conselho inescrutável de sua própria vontade(
pela qual ele concede, ou não, os seus favores conforme lhe apraz), deixou e predestinou
os mais à desonra e à ira, que lhes serão infligidos por causa dos seus pecados,
para patentear a glória da sua justiça” (Rm 9. 17, 18, 21, 22; Jd 4; Mt 11.25,26;
II Tm 2. 20).
Pergunta 14: “Como executa Deus os seus decretos?
Resposta: Deus executa os seus decretos nas obras da criação e da providência, segundo
a sua presciência infalível e o livre e imutável conselho de sua vontade” (Dn 4.35;:
Ef 1. 11; I Pe 1. 1, 2).
Nenhum comentário:
Postar um comentário