Santa Ceia

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Pastoral

A IMPLICÂNCIA PROTESTANTE CONTRA A CRUZ

Fonte: Revista Ultimato
Edição setembro/outubro 2008.


O símbolo do cristianismo, lembra John Stott, poderia ser a manjedoura (para simbolizar a encarnação de Jesus), a carpintaria (para dignificar o trabalho manual de Jesus) ou a toalha (para lembrar o lava pés de Jesus).
         Mas todos foram ignorados em favor da cruz, o que é totalmente extraordinário, porque, na cultura greco-romana vigente, a cruz era objeto de vergonha. Para Stott, a ‘cruz é um diamante multifacetador’. E para J. Julius Scott, professor de Bíblia e teologia no Wheaton College, nos Estados Unidos, a cruz ‘é a demonstração do amor que Deus tem pelo homem pecador’.
         Apesar de tudo isso, algumas igrejas protestantes [evangélicas¹] brasileiras evitam colocar a cruz na fachada e no interior de seus templos. Há duas explicações históricas para este estranho comportamento:

>> Primeiro: a completa liberdade de culto só aconteceu com a Proclamação da República, em 1889. Até então, os templos não católicos no Brasil, por força da lei, não podiam ostentar exteriormente símbolos cristãos, como a cruz e sinos. Esses privilégios eram exclusivos da Igreja Católica dominante;
>> Segundo: no imaginário protestante, a cruz era coisa católica e não deveria ser usada por eles. A outra razão, o que agravou ainda mais o problema, era a presença do crucificado na cruz e a adoração de Cristo morto.
(...)
        Chama-se de crucifixo o objeto, esculpido ou modelado, que representa Cristo na cruz. Foi João VII, o 86º papa, entronizado entre março de 705 d.C., o primeiro a consagrar o uso do crucifixo. A partir daí parece que houve uma ênfase artística cada vez maior no sofrimento de Jesus. No século XIII, a coroa real foi substituída pela coroa de espinhos e a fronte de Cristo começou a se inclinar para a terra... passou-se a ter pena de Jesus, perdendo-se por completo a compreensão real da cruz e desfocalizando por completo a ressurreição.
        O Jesus, que ‘é a imagem [visível] do Deus invisível’ (Cl 1.15), passou pela cruz, mas não permaneceu na cruz. A cruz tem um valor imenso, mas vazia, sem o crucificado, pois o seu corpo já não está pregado nela, nem deitado sobre a lápide (pedra) fira do sepulcro novo do homem rico de Arimateia.

1. [evangélicos]  -- Referência aos evangélicos propriamente ditos, ou seja, igrejas que não nasceram da Reforma Protestante do século XVI, como pentecostais e neopentecostais. Uma vez que igrejas protestantes são apenas aquelas que derivam da Reforma.   Adicionado por Christofer Cruz

3 comentários:

  1. Igrejas Presbiterianas catarinenses costumam colocar uma cruz no alto de sua fachada frontal, enquanto outras igrejas presbiterianas em outros lugares do Brasil não a colocam. Por que esta diferenciação entre elas quanto ao uso da cruz? depende de cada pastor quando da construção da igreja ou há alguma regra?

    regissilbar@gmail.com

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  2. Olá, meu amigo! Primeiramente perdão por demorar respondê-lo...

    Bem.. essa questão da cruz na arquitetura de templos presbiterianos não possui uma regra. Geralmente, isso está vinculado aos próprios costumes da comunidade local ou da região.

    Nossa igreja, por exemplo, possui cruzes na torre e uma no interior do templo. As outras igrejas presbiterianas de nossa cidade seguem o mesmo modelo. Em Goiás, as cidades do interior costumam ser mais tradicionais no tocante à arquitetura. Em Goiânia, por exemplo, já não é costume ver igrejas presbiterianas com torres, cruz e etc.. existem algumas, mas não é comum.

    Segundo a tradição presbiteriana, é conivente colocar cruzes nos templos mas, na prática, isso varia de comunidade local para comunidade local.

    Espero ter respondido sua dúvida. Qualquer coisa, estou aberto a mais perguntas ou a ser mais específico.

    Abraços em Cristo.

    Att,
    Christofer Cruz
    Secretário

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  3. Sr. Secretário, finalmente publiquei em meu blog as suas gentis explicações sobre as cruzes nas fachadas das igrejas presbiterianas. https://ilhadecanavieiras.blogspot.com/2020/08/porque-igreja-presbiteriana-de.html

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Jornal Brasil Presbiteriano