Santa Ceia

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Pastoral

Boletim IPJ, 15 de agosto de 2010

Depressão: Uma doença que inspira cuidados

Rev. Ernandes Dias Lopes

A depressão é um dos problemas mais graves que atinge a nossa sociedade. Ela já foi considerada por alguns como ação demoníaca e restringida por outros apenas como um pecado. A depressão é uma doença que pode atingir adultos e crianças, pobres e ricos, religiosos e ateus. A depressão é a maior causa de suicídio no mundo. Se ela não for convenientemente tratada, constitui-se numa grave ameaça.

Andrew Solomon, cuja mãe ceifou sua própria vida e enfrentando, ele mesmo, severa depressão, disse que essa doença é como engolir seu próprio funeral duas vezes por dia.

É como vestir uma roupa de madeira.

A depressão é como uma planta parasita que vai sugando sua seiva e sufocando você, tirando-lhe o oxigênio da vida.

Não podemos negar que existe depressão decorrente de algum pecado não confessado. O rei Davi ficou deprimido porque adulterou com Bate-Seba, mandou matar seu marido e casou-se com ela, fingindo para sua nação que todas as

coisas aconteciam dentro da normalidade. Isso, porém, foi mau perante os olhos do Senhor. Por causa disso, Deus pesou a mão sobre ele. Seu vigor tornou-se em sequidão de estio.

Seu travesseiro tornou-se um reservatório de lágrimas e todo o seu corpo ardia em febre. Somente quando reconheceu seu pecado e o confessou, encontrou alívio, perdão e cura.

Mas não podemos negar que uma pessoa cheia do Espírito Santo pode também ficar deprimida, uma vez que a depressão é uma doença como qualquer outra que nos atinge. Elias era um profeta de Deus e passou por uma amarga depressão. Ele queria morrer. Ele olhou para a vida com lentes embassadas e de forma pessimista pensou que estivesse sozinho, quando Deus havia ainda preservado sete mil homens que não haviam se dobrado a Baal.

Ele olhou para as lentes do retrovisor e pensou que seu ministério havia acabado e o melhor da sua vida tinha ficado para trás, mas nem sabia que Deus ainda tinha planos para sua vida e depois o trasladaria ao céu sem passar pela morte. Deus curou a depressão de Elias e restaurou a sua sorte.

É importante ressaltar que homens de Deus ao longo da história enfrentaram crises de depressão. Dentre eles podemos citar David Brainerd, missionário americano, que trabalhou entre os índios canibais no século dezoito. Esse homem, cuja vida é um referencial de piedade para as gerações pósteras, foi assolado por terríveis crises de depressão. John Bunyan, o autor do livro O Peregrino, preso quatorze anos em Bedford, na Inglaterra, por pregar o evangelho em praça pública, sofria, também, severas crises de depressão. William Cowper, eminente compositor evangélico da Inglaterra tinha crises tão medonhas de depressão que chegou a tentar suicídio algumas vezes. Não podemos subestimar essa doença. Ela é grave e precisa ser tratada de forma adequada. A depressão é tratada com remédio, terapia e fé. A fé não dispensa o tratamento medicamentoso, assim como os remédios não desprezam o valor da fé. Não descremos de Deus quando buscamos os recursos médicos. Cremos em última instância que Deus somente tem o poder de curar. Ele, porém, cura através dos meios, sem os meios e apesar dos meios.

Nossa atitude em relação às pessoas que estão enfrentando uma crise de depressão deve ser de profunda solidariedade e compaixão. Em vez de julgá-las ou ignorá-las, devemos estar ao lado delas, como bálsamo para suas angústias, como terapeutas da alma e não como flageladores do espírito.

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