Santa Ceia

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Pastoral

A Bênção de estar em Cristo

Rev. Djaik Souza Neves

Frequentemente, diante das crises que nos assaltam ou, mesmo do pecado que "tenazmente nos assedia" ficarmos desanimados ou desiludidos, ora achando que Deus nos abandonou e estamos à mercê das circunstâncias deste mundo, especialmente de seus infortúnios; ora achando que cometemos o "pecado imperdoável" por assim dizer, e assim nos vemos como se estivéssemos distantes do Senhor por conta de nossos pecados, como se Deus nos tratasse com base neles.

Para ambas as situações, seja de problemas sobre os quais não temos controle ou de pecados que tenhamos cometido, a justiça com a qual fomos revestidos em Cristo é a solução ideal, pois estabelece que Deus mesmo providenciou algo que torna certo o cuidado especial de Deus para conosco em tempos de crise e a graça sem medida com respeito ao pecado.

Calvino afirma que "sendo nós impuros, ele é a nossa pureza; sendo nós fracos e destituídos de forças e da necessária armadura para resistir ao diabo, o poder que a ele foi dado no céu e na terra para destruir o inimigo e arrombar as portas do inferno é nosso; tendo ainda um corpo mortal, ele é vida para nós."

O que o reformador explica em termos bem mais apropriados do que os que podemos utilizar é aquilo que Deus nos deu ao nos conceder a justiça e a retidão de Cristo. Tendo nos escolhido "nEle" antes da fundação do mundo, como o apóstolo assevera, Deus mesmo providenciou para que os nossos pecados fossem colocados sobre Jesus na maldita cruz e a sua justiça posta sobre nós.

Isto significa que em tempos de crise podemos continuar certos de que Deus está cuidando de nós, não importam quão difíceis e desanimadoras sejam as circunstâncias; por causa da justiça de Cristo em nós, Deus está fazendo e irá fazer com que tudo coopere para o nosso bem.

Isto significa que em tempos de tentações ou, mesmo, pecados não precisamos permanecer distantes do Senhor como se houvesse alguma possibilidade de sermos consumidos pela sua santa ira; se já estamos em Cristo, isto não é mais possível, pois Ele já nos livrou dela, tomando-a sobre si mesmo no cavário; nas palavras do profeta "o castigo que nos traz a paz estava sobre ele". Aleluia! Por isso, mesmo quando pecarmos, o Senhor nos desafia por meio de João, o discípulo amado (e nós também somos), a nos aproximar de novo, pois temos um advogado, um intercessor que nos representa e nos defende diante do santo juiz.

Um exemplo claro de como podemos usufruir deste benefício sensacional nos piores momentos da vida é Davi, que um dia teve sua cidade saqueada e queimada, suas mulheres e seus filhos sequestrados; o que o levou, juntamente com seus homens, a chorarem como crianças todo um dia, situação que se complicou ainda mais para "o homem segundo o coração de Deus", pois seus "leais" homens colocaram nele a culpa pelo infortúnio e ameaçaram apedrejá-lo; mas, de repente, e surpreendentemente, diz o texto de 1 Samuel 30.6, "porém Davi se reanimou no Senhor, seu Deus", certamente por saber que Deus o amava e estava cuidando dele, mesmo que aparentemente as coisas estivessem tão confusas; numa outra ocasião, mesmo tendo pecado gravemente contra Deus, prejudicando várias pessoas, bastou reconhecer o seu erro diante do profeta enviado pelo Santo, que foi imediatamente perdoado e depois pôde explicar num salmo porque foi perdoado tão "facilmente" diante de pecados tão graves, dizendo "bem aventurado é o homem a quem o Senhor não atribui iniquidade", em outras palavras, feliz é o homem que Deus não trata conforme o seu pecado. Tudo isso porque Cristo está em nós, e onde está o Filho a bênção graciosa do Pai também está. Não há nada mais que precisamos.

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