Santa Ceia

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Pastoral


O Melhor Investimento
 Rev. Djaik Neves


Há pouco tempo conversava com um amigo missionário que está num país distante e fiquei comovido com a situação que ele, sua esposa e duas filhas vivenciavam; já estávamos quase na segunda quinzena do mês e ele pediu orações pelo seu sustento, visto que dos voluntários que estavam comprometidos com eles, só a metade havia enviado a oferta prometida.
Outro dia estive conversando com o Rev. Jorge, agora oficialmente missionário da IPB, e que segue para o campo transcultural em Janeiro. Inadvertidamente começamos a conversar sobre os preparativos para a missão em que ele e sua família estão envolvidos. Confesso que fiquei espantado com as dificuldades que um missionário (ou candidato a) passa em nossa igreja para conseguir ir ao lugar onde se dará o seu trabalho; confidenciei ao colega que os preparativos parecem mais um modo de fazer o candidato desistir do que algo para ajudá-lo na condução de seu trabalho.
No entanto, o que mais me espantou, e motivou o que será exposto a seguir, foi a dificuldade do irmão em conseguir o seu sustento, visto que a Igreja Presbiteriana do Brasil, só assume cerca de 25% daquilo que missionário e família precisam mensalmente para sua subsistência, cabendo ao candidato literalmente correr atrás do restante e, ainda, continuar dependendo da disposição dos que se comprometeram. E quando falamos de ofertas em nossa amada IPB todos nós sabemos na prática o que isso significa.
Fiquei eu mesmo inseguro por me lembrar que inúmeros irmãos nossos estão passando por muitas necessidades em lugares distantes, porque nós muitas vezes parecemos achar e agir como se não tivéssemos nada a ver com eles ou com o que estão fazendo; fui conduzido a pensar sobre como me sentiria se estivesse com minha esposa e meus dois filhos num lugar distante, longe de tudo e todos, e ainda por cima na insegurança de ofertas prometidas; ou como me sentiria se dependesse das ofertas da igreja em meu país e soubesse que a igreja local parece muitas vezes mais preocupada em fazer sucesso do que em ser fiel a Deus no cumprimento da missão; e, ainda, como me sentiria se recebesse ofertas insignificantes (quando dão) de pessoas que estão preocupadas em trocar de carro o quanto puderem, multiplicar seus bens e não medem esforços para satisfazer os caprichos de seus filhos; como me sentiria se tivesse que recorrer a igrejas e pessoas que não me conhecem, visto que aqueles que estão mais próximos parecem não se interessar por mim e por minhas necessidades e muito menos ainda pela missão em que estou envolvido. Como você se sentiria? Seria sensato pensar.
          Mas como nosso objetivo aqui não é conjecturar sentimentos e emoções, voltemos ao mundo real e aproveitemos a oportunidade que mais uma vez Deus está dando às igrejas de nossa região de investir na vida de alguém que conhecemos e que já por muito tempo tem servido ao Reino de Deus através de sua igreja. O mais importante é que Deus está nos dando a rica chance de reconhecer o nosso pecado de omissão e negligência para com a missão. Também nos concede a bênção graciosa de nos comprometermos com a graça da doação que certamente trará aquela alegria que está reservada aos que, como disse Jim Elliot, perceberam que “Não é tolo aquele que dá o que não pode manter para ganhar o que não pode perder”.
          Ademais, e como quem deseja ser o mais claro e desafiador possível (mesmo correndo o risco de ser pedante), não posso deixar de confessar que estar minimamente envolvido com missionários “que foram” para lugares onde não posso estar, tem abençoado profundamente minha vida e família e nos feito perceber que existem coisas muito mais importantes que casas, carros e os sonhos medíocres de minha própria família; existem, sim, homens e mulheres que merecem muito mais do que eu e se dispuseram a abrir mão de tudo para que aqueles que estão presos nas garras de Satanás possam ouvir a boa notícia da salvação e serem libertos pela graça de Deus; existem, sim, famílias que praticamente todo mês precisam ficar, mais do que muitos, na dependência de Deus e, infelizmente na incerteza da boa vontade daqueles que ficaram em sua zona de conforto.
          Encerro parafraseando aquilo que a Rainha Ester ouviu de Deus através do seu parente piedoso, quando tinha a oportunidade de agir e fazer grande diferença na história do povo de Deus: “É certo que se não nos dispormos a investir o dinheiro que Deus colocou em nossas mãos na missão que também é nossa, certamente de outro modo Deus mesmo suprirá os seus daquilo que eles precisam, mas será que não foi justamente para nos usar nesta causa que Deus nos tem concedido o que já temos recebido?”
Que o Senhor, de quem ninguém pode ganhar quando se fala em doar, nos ensine que “dar é o verdadeiro ter” (C. H. Spurgeon).

Rev. Djaik Souza Neves
Capelão do Instituto Presbiteriano Samuel Graham

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